Reflexão

A FÉ NÃO CONSISTE NA IGNORÂNCIA, MAS NO CONHECIMENTO.
João Calvino

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Exercício de Idade Média - 43 questões

Questões sobre Idade Média
1. (ESPM jul08) Leia o documento que se segue e responda: Em primeiro lugar, prestaram homenagem da maneira seguinte: o conde perguntou ao seu interlocutor se queria tornar-se seu homem, sem reserva, e este respondeu: - Quero; depois estando as suas mãos apertadas pelas do conde, aquele que havia prestado homenagem fez compromisso da sua fidelidade ao ‘avant-parlier’ (porta-voz) do conde, nestes termos: — Prometo pela minha —, ser, a partir deste instante, fiel ao conde Guilherme e guardar-lhe, contra todos e inteiramente à minha homenagem, de boa fé e sem dolo; em terceiro lugar jurou o mesmo sobre as relíquias dos santos. (F.L.Ganshof. O que é Feudalismo?)
Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, quem se submetia a tal juramento e uma de suas obrigações:
a) Suserano; corvéia, ou prestação de trabalho por 3 dias da semana ao senhor.
b) Suserano; banalidade ou taxas pagas pelo uso das instalações do feudo.
c) Vassalo; formariage ou taxa paga para poder se casar.
d) Vassalo; auxílio militar obrigatório durante quarenta dias ao ano.
e) Servo; auxílio financeiro para quando do casamento da filha mais velha do suserano

2. (ESPM Nov07) A obra pode ser considerada autêntica tradição muçulmana formada pelo conjunto das tradições ou narrativas orais fragmentadas chamadas “hadiths”. Apresenta os comportamentos do profeta, as maneiras que tinha de comer, de beber, de se vestir, de cumprir os seus deveres religiosos, de lidar com os crentes e os infiéis.
(Anne-Marie Delcambre. Maomé: a palavra de Alá)
O enunciado deve ser relacionado com:
a) Alcorão.
b) Rubbayat.
c) Suna.
d) Zend Avesta.
e) Torá.
3. (ESPM Jul07) Quando vos dispuserdes à oração, purificai ante o rosto, as mãos até os cotovelos, a face até as orelhas, e os pés até os tornozelos. O asseio é a chave da oração. Socorrei vossos filhos, vossos parentes, os órfãos, os pobres, os peregrinos; o bem que fizerdes será conhecido do Onipotente. Dai esmola de dia, à noite, em público ou em segredo; sereis recompensados pelas mãos do Eterno e ficareis isentos dos terrores e tormentos. Aquele que dá por ostentação é semelhante a um rochedo coberto de pó; vem a chuva e não lhe resta senão sua dureza. No mês de Ramadã, comer e beber só vos é permitido até o momento em que a claridade vos deixar distinguir um fio branco de um fio preto: jejuai então do começo do dia até a noite e passai o dia em oração. (Leonel Itaussu e Luís César. História Antiga e Medieval)
Quanto ao trecho apresentado no enunciado devemos relacioná-lo com:
a) O Alcorão e algumas das obrigações dos muçulmanos.
b) O Suna e algumas das obrigações dos muçulmanos.
c) O Talmud e algumas das obrigações dos muçulmanos.
d) O Tora e algumas das obrigações dos muçulmanos.
e) O Zend-Avesta e algumas das obrigações dos muçulmanos.

4. (ESPM Nov06) “Defronte da porta leste da catedral de Clermont, na França, reunia-se uma multidão. Lá estavam, porque o papa Urbano II comunicou que faria uma grande proclamação de muita importância. Disse aos presentes que seus irmãos da cristandade oriental estavam sofrendo muito nas mãos de uma casta virulenta de infiéis. O sofrimento era tão grande, que eles pediram ajuda ao Ocidente. Até Jerusalém, a sagrada das sagradas, tinha sido profanada pelos pagãos. Não era mais seguro para os seguidores de Cristo visitarem o local onde ele sofreu e morreu pela humanidade. Poderia o mundo cristão observar pacificamente os turcos pagãos rirem por trás das paredes da
cidade mais sagrada da cristandade?”
(W. B. Bartlett, O Chamado às Armas)
O texto remete diretamente para:
a) A Querela das Investiduras, disputa entre a Igreja Católica Romana e o Sacro Império Romano Germânico.
b) Chamada feita pelo Papa Urbano II, convocando os cristãos a participarem da Guerra da Reconquista da Península Ibérica.
c) O Cisma do Oriente e a guerra entre católicos romanos e católicos ortodoxos.
d) Convocação pelo Papa Urbano II dos cristãos para organizarem a Primeira Cruzada.
e) A tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, ação que afetou os interesses cristãos no Mediterrâneo.

5. (GV ADM Jun08) De um lado a Igreja. Do outro lado, os poderes laicos, nomeadamente o do Império Romano-Germânico, herdeiro parcial de Carlos Magno. Esses dois poderes são distintos, mas defrontam-se vivamente para assegurarem a preeminência de um sobre o outro. A aspiração à reforma da Igreja corresponde portanto a uma velha exigência: libertar a Igreja do seu enfeudamento ao temporal. Esse movimento assume uma importância excepcional com a reforma gregoriana, que Gregório VII, papa de 1073 a 1085, simboliza. Reforma que se realiza ao longo de todo o século XII.
Le Goff, J. Em busca da Idade Média. Trad., Lisboa, Teorema, 2003, p. 61.
A respeito da Reforma Gregoriana é correto afirmar:
a) Significou o rompimento dos poderes eclesiásticos com as estruturas feudais e uma defesa das transformações econômicas e políticas que levariam ao capitalismo.
b) Caracterizou-se pela tentativa de demarcar as fronteiras entre clérigos e leigos com a recomendação enérgica do celibato clerical e a afirmação da superioridade dos poderes espirituais sobre os temporais.
c) Foi marcada por uma profunda reorientação religiosa que condenava o culto aos santos, a devoção às relíquias, às práticas de peregrinação e sustentava a infalibilidade das Escrituras Sagradas.
d) Permitiu uma reaproximação com a Igreja de Constantinopla baseada na proibição da devoção às imagens e uma convivência mais tolerante com judeus e muçulmanos.
e) Representou o reconhecimento das autoridades temporais, sobretudo do Império Romano-Germânico, como a única instituição de caráter universal no seio da cristandade.

6. (GV Econ. Dez06) “Em primeiro lugar, fizeram homenagem desta maneira: o conde perguntou ao futuro vassalo se queria tornar-se seu homem sem reservas, e este respondeu: ‘Eu o quero’; estando então suas mãos apertadas nas mãos do conde, eles se uniram por um beijo. Em segundo lugar, aquele que havia feito homenagem hipotecou sua fé (...); em terceiro lugar, ele jurou isto sobre as relíquias dos santos. Em seguida, com o bastão que tinha à mão, o conde lhes deu a investidura (...).”
Galbert de Bruges, in Gustavo de Freitas, 900 textos e documentos de História

Da situação descrita no documento, resultou
a) a formação de um exército de mercenários, pois os vassalos lutavam por terras, o que se tornou fundamental às monarquias nacionais.
b) o fortalecimento da autoridade dos monarcas, que ganharam o direito de comandar seus vassalos e, assim, reprimir as rebeliões senhoriais e camponesas.
c) a organização das Cruzadas, devido ao interesse do Papado em reafirmar seu poder sobre a cristandade após o Cisma do Oriente.
d) o surgimento de Estados nacionais, já que os reis conseguiram o apoio militar e financeiro dos nobres em sua luta contra os poderes locais.
e) a fragmentação do poder real, uma vez que os vassalos deviam obediência direta a seu suserano, que exercia autoridade em sua região.

7. (GV Econ. Dez07) A palavra servo vem de servus (latim), que significa “escravo”. No período medieval, esse termo adquiriu um novo sentido, passando a designar a categoria social dos homens não livres, ou seja, dependentes de um senhor. (...) A condição servil era marcada por um conjunto de direitos senhoriais ou, do ponto de vista dos servos, de obrigações servis.
(Luiz Koshiba, História: origens, estruturas e processos)
Assinale a alternativa que caracterize corretamente uma dessas obrigações servis.
a) Dízimo era um imposto pago por todos os servos para o senhor feudal custear as despesas de proteção do feudo.
b) Talha era a cobrança pelo uso da terra e dos equipamentos do feudo e não podia ser paga com mercadorias e sim com moeda.
c) Mão morta era um tributo anual e per capita, que recaía apenas sobre o baixo clero, os vilões e os cavaleiros.
d) Corvéia foi um tributo aplicado apenas no período decadente do feudalismo e que recaía sobre os servos mais velhos.
e) Banalidades eram o pagamento de taxas pelo uso das instalações pertencentes ao senhor feudal, como o moinho e o forno.

8. (Fuvest Nov05) Segundo o historiador Robert S. Lopez (A Revolução Comercial da Idade Média 950-1350), “o estatuto dos construtores das catedrais medievais representava um grande progresso relativamente à condição miserável dos escravos que erigiram as Pirâmides e dos forçados que construíram os aquedutos romanos”. As catedrais medievais foram construídas por
a) artesãos livres e remunerados.
b) citadinos voluntários trabalhando em mutirão.
c) camponeses que prestavam trabalho gratuito.
d) mão de obra especializada e estrangeira.
e) servos rurais recompensados com a liberdade.

9. (Fuvest Nov06) "Os cristãos fazem os muçulmanos pagar uma taxa que é aplicada sem abusos. Os comerciantes cristãos, por sua vez, pagam direitos sobre suas mercadorias quando atravessam o território dos muçulmanos. O entendimento entre eles é perfeito e a eqüidade é respeitada."
Ibn Jobair, em visita a Damasco, Síria, 1184. In: Amin Maalouf, 1988.

Com base no texto, pode-se afirmar que, na Idade Média,
a) as relações comerciais entre as civilizações do Ocidente e do Oriente eram realizadas pelos judeus e bizantinos.
b) o conflito entre xiitas e sunitas pôs a perder o florescente comércio que se havia estabelecido gradativamente entre cristãos e muçulmanos.
c) o comércio, entre o Ocidente cristão e o Oriente islâmico, permaneceu imune a qualquer interferência de caráter político.
d) a Península Ibérica desempenhou o papel de centro econômico entre os mundos cristão e islâmico por ser a única área de contacto entre ambos.
e) as cruzadas e a ocupação da Terra Santa pelos cristãos engendraram a intensificação das relações comerciais entre cristãos e muçulmanos

10. (Fuvest Jan07) Na Europa Ocidental, durante a Idade Média, o auge do feudalismo (século X ao XIII) coincide com o auge da
servidão. Explique
a) no que consistia a servidão.
b) por que a servidão entrou em crise e deixou de ser dominante a partir do século XIV.

11. (Fuvest Jan08) A cidade antiga (grega, entre os séculos VIII e IV a.C.) e a cidade medieval (européia, entre os séculos XII e
XIV), quando comparadas, apresentam tanto aspectos comuns quanto contrastantes.
Indique aspectos que são
a) comuns às cidades antiga e medieval.
b) específicos de cada uma delas.

12. (Mack Jun08) “Na Idade Média, as relações espaciais tendiam a ser organizadas como símbolos e valores. O objeto mais alto da cidade era a flecha da Igreja que apontava para o céu e dominava as construções — como a Igreja dominava as esperanças e as crenças dos fiéis.”
(MUNFORD, L.)
A arte espiritual do início da Idade Média, que rejeitava toda a imitação da realidade, passa a dar lugar a um estilo mais naturalista e às construções verticalizadas. A arte gótica, desenvolvida na segunda metade do século XII, pode ser considerada um reflexo das transformações ocorridas na Baixa Idade Média, entre as quais
a) a transição, nas unidades feudais, da servidão feudal para o trabalho livre, devido ao crescimento populacional verificado desde o final do século X e, sobretudo, no século XI, na Europa Ocidental.
b) a nova mentalidade presente nas corporações de ofício, onde se passou a defender toda a possibilidade de lucro, e não mais o “justo preço” defendido pela Igreja Católica.
c) o abandono do espírito coletivista que regrava a vida social do homem medieval e a imposição de valores teocêntricos que passaram a direcionar um novo comportamento social.
d) a diminuição da influência cultural e do poder econômico da Igreja Católica Apostólica Romana que, com o Renascimento Comercial, já não era mais a maior proprietária de terras.
e) a mudança de mentalidade do homem medieval, fruto do desenvolvimento comercial e do crescimento da influência da classe burguesa, que passou a valorizar, cada vez mais, o espírito individualista e empreendedor.

13. (Mack Jul07) De um modo geral, a organização social funda-se numa especialização das atividades de duas elites, uma encarregada das funções espirituais e, a outra, da ação militar, ambas sustentadas pelo trabalho da massa camponesa. O nível de vida dos eclesiásticos e cavaleiros era ainda muito medíocre, [...] mas, se ele se elevar, se a produção agrícola aumentar, os especialistas da prece e do combate disporão de maiores riquezas para o seu lazer, para as despesas do luxo, para as empresas de conquista longínqua, para as pesquisas artísticas e intelectuais.
E. Perroy (adaptado)
As referências presentes no trecho acima permitem relacioná-lo à vida social e econômica
a) dos fenícios, em particular nas antigas cidades-Estado de Biblos e Tiro.
b) dos romanos, ao tempo da República e dos conflitos entre patrícios e plebeus.
c) das tribos árabes, que habitavam, por volta do século VI, a região onde estavam as cidades de Meca e Iatreb.
d) de reinos europeus, nos séculos em que se consolidava o sistema feudal.
e) dos povos pré-cabralinos, às vésperas da chegada de europeus ao continente.

14. (Mack Jul07) A respeito do nascimento e da consolidação dos Estados nacionais ibéricos, no limiar da Idade Moderna, são feitas as seguintes afirmações:
I. As lutas de reconquista do território da península aos muçulmanos, que a haviam ocupado desde o século
VIII, constituem um dos principais elementos do processo de formação desses Estados nacionais.
II. A ascensão de D. João, mestre de Avis, ao trono português, em 1385, encontrou apoio nos grupos de
comerciantes portugueses, numa época de florescimento das atividades comerciais no Reino.
III. O ano de 1492, além de selar definitivamente a centralização política da futura Espanha após a vitória militar
sobre o rei mouro de Granada, marca a descoberta da América por Colombo, que viajara a serviço dos “Reis
Católicos”.
Assinale:
a) se apenas I é correta.
b) se apenas I e II são corretas.
c) se apenas II e III são corretas.
d) se apenas I e III são corretas.
e) se I, II e III são corretas.


15. (Mack Jun07) (...) Resta enfim a inatividade sagrada: a vida terrestre do homem é uma prova que, em caso de sucesso, conduz à felicidade eterna; o culto de Deus e dos santos é, portanto, uma atividade espiritual mais importante que o trabalho material. Este é imposto ao homem como resgate do pecado e como meio de santificação, mas não tem por fim senão a subsistência do homem. Nem o trabalho nem o produto do trabalho são um fim em si. O calendário litúrgico impunha, pois, aos fiéis a cessação de toda atividade laboriosa por ocasião de um grande número de festas, a fim de que eles se consagrassem inteiramente ao culto. Assim, em razão do número de festas e de vigílias, a duração média do trabalho semanal não parece ter sido superior a quatro dias! No século XV suprimiu-se um bom número de festas com folga, mas no século XVI contavam-se ainda, anualmente, além dos domingos, umas sessenta delas. É evidente que a mentalidade medieval ignorava a obsessão pelo trabalho e pela produtividade, que seria rigorosa na época mercantilista (...).
Guy Antonetti — A economia medieval
Segundo o trecho acima, sobre a Idade Média, é correto afirmar que:
a) a economia, naquela época, conheceu períodos de profunda estagnação em razão do absoluto desinteresse dos
homens pelo trabalho material e pelo lucro, preocupados que estavam apenas com o culto de Deus e dos santos.
b) um traço próprio da mentalidade medieval, quando comparada à de uma época posterior, é a ausência da obsessão pelo trabalho material e sua produtividade.
c) o excessivo número de festas religiosas imposto pela Igreja reduzia drasticamente os dias úteis de trabalho, provocando períodos de escassez de alimentos e, em conseqüência, uma maior preocupação dos homens com a vida eterna.
d) o anseio por resgatar-se do pecado original e por santificar-se levou o homem medieval a considerar o trabalho e seu produto um bem em si, ou seja, o caminho único que conduziria à felicidade eterna.
e) na época mercantilista, a supressão de um bom número de feriados religiosos foi a causa de ter nascido nos homens a obsessão pelo trabalho e pela produtividade, bem própria da mentalidade capitalista então nascente.

16. (Mack Dez06) Em todos os países, os reis eram então considerados personagens sagradas; pelo menos em certos países, eram tidos como taumaturgos. Durante muitos séculos, os reis da França e os reis da Inglaterra (para usar uma expressão já clássica) ‘tocaram as escrófulas’: significando que eles pretendiam, somente com o contato de suas mãos, curar os doentes afetados por essa moléstia; acreditava-se comumente em sua virtude medical. Durante um período apenas um pouco menos extenso, os reis da Inglaterra distribuíram a seus súditos, mesmo para além dos limites de seus Estados, os anéis (os cramprings) que, por terem sido consagrados pelos monarcas, haviam supostamente recebido o poder de dar saúde aos epilépticos e de amainar as dores musculares.
Marc Bloch — Os reis taumaturgos
O trecho dado, da obra do historiador francês,
a) menciona superstições medievais que sobreviveram em tempos modernos, sem, contudo, possuir nenhum significado político ou religioso.
b) comprova a ligação da política absolutista européia com o charlatanismo dos curandeiros medievais.
c) faz referência ao caráter sobrenatural que se atribuía ao poder dos reis em algumas monarquias européias.
d) descreve as práticas mais comuns de exercício da medicina na Idade Moderna.
e) destaca o problema político que representavam os escrofulosos e os epilépticos para as monarquias medievais.

17. (Mack Dez06) Foi nesse terreno de cerca de 3,5 milhões de km2 e predominantemente desértico que, na primeira quadra do século VII, se constituiu (...) a religião (...), a qual, num espaço de tempo relativamente exíguo, o empolgaria por inteiro, e foi também a partir dele que, na quadra seguinte, os conversos saíram para fazer a sua entrada decisiva no palco da história universal, construindo um dos mais poderosos impérios da face da Terra e ampliando de maneira considerável o número de adeptos da nova fé.
Adaptado de Mamede M. Jarouche, Revista Entre Livros, nº- 3
O texto acima faz menção a uma religião
a) que abriga a crença na existência de vários deuses, todos eles personificações dos astros (sobretudo o Sol)
e de fenômenos da natureza (como o raio e o trovão).
b) cuja denominação (Islã) indica um de seus mais importantes princípios, ou seja, a submissão do fiel à vontade
de Alá, “único Deus”.
c) que possui entre seus dogmas a absoluta intolerância em relação a povos de religiões diversas, ineptos para
a conversão e para os quais resta, apenas, o extermínio pela guerra.
d) cujos fiéis devem praticar a antropofagia ritual, considerada fonte de virilidade e bravura guerreira.
e) que suprimiu completamente a crença em profetas (“os anunciadores da vontade de Deus”) e em anjos (“os
protetores dos homens”).

18. (Mack Jun06) Os homens deste tempo [...] dividem-se em três “ordens”. Entendamo-las como categorias nitidamente delimitadas, estáveis, estabelecidas por Deus mesmo e, todos o crêem, desde a criação, para assegurar a ordem do mundo, e cada qual correspondente a um “estado” particular, a uma missão especial. Na primeira classe, situam-se os que rezam e sua missão é cantar a glória de Deus e obter a salvação de todos; seguem-se os que combatem, encarregados de defender os fracos e impor a paz divina; enfim, figuram os trabalhadores, que, segundo o plano providencial, devem contribuir, pelo seu labor, para o sustento dos especialistas da prece e do combate.
E. Perroy — A sociedade feudal
A respeito do trecho acima, são feitas as seguintes afirmações:
I. As três “ordens” mencionadas são, grosso modo, o clero, a nobreza e os servos.
II. A definição das funções sociais das “ordens” obedece a uma razão religiosa, cujo propósito é assegurar a ordem do mundo.
III. As categorias nitidamente delimitadas conheciam uma intensa mobilidade social em razão do enriquecimento rápido proporcionado aos trabalhadores pela atividade agrícola.
Assinale:
a) se apenas I é correta.
b) se apenas II é correta.
c) se apenas III é correta.
d) se apenas I e II são corretas.
e) se I, II e III são corretas.

(PUC Dez06) Leia o texto a seguir para responder às questões 19, 20 e 21.
“Nos tempos de São Luís, as hordas que surgiam do leste provocam terror e angústia no mundo cristão. O medo do estrangeiro oprime novamente as populações. No entanto, a Europa soubera digerir e integrar os saqueadores normandos. Essas invasões tinham tornado menos claras as fronteiras entre o mundo pagão e a cristandade e estimulado o crescimento econômico. A Europa, então terra juvenil, em plena expansão, estendeu-se aos quatro pontos cardeais, alimentando-se, com voracidade, das culturas exteriores. Uma situação muito diferente da de hoje, em que o Velho Continente se entrincheira contra a miséria do mundo para preservar suas riquezas.”
Georges Duby. Ano 1000 ano 2000. Na pista de nossos medos. São Paulo: Editora da Unesp, 1998, p. 50-51 Luís IX (ou São Luís) governou a França de 1226 a 1270.

19. Podem-se associar as “hordas [bandos de bárbaros ou de desordeiros” que surgiam do leste” aos:
a) hunos que, liderados por Átila a partir de 433, avançaram violentamente até as penínsulas Balcânica e Itálica.
b) grupos de nômades oriundos do Império Romano do Ocidente, no momento de sua desintegração, na segunda metade do século V.
c) mongóis que, vindos da Ásia, atingiram, até 1250, a Hungria e a Polônia, devastando as terras por onde passavam.
d) grupos de africanos trazidos das colônias portuguesas do litoral atlântico para o trabalho escravo nos séculos XVI e XVII.
e) vikings que, após realizarem invasões e saques, se integraram, no século X, à cultura e ao comércio da Europa mediterrânea.

20. A frase “A Europa, então terra juvenil, em plena expansão, estendeu-se aos quatro pontos cardeais, alimentando-se, com voracidade, das culturas exteriores” pode ser entendida como uma referência
a) às atividades missionárias de jesuítas na América, como ocorreu no Brasil.
b) aos esforços de diálogo com grupos do leste e norte europeu, como os ciganos.
c) às novas invenções voltadas à navegação, como a invenção da bússola.
d) aos planos expansionistas de países do ocidente europeu, como Portugal.
e) às ações militares, como as Cruzadas ou a Reconquista da Espanha.

21. Muitas vezes originadas em preconceitos, as razões do temor dos europeus em relação aos estrangeiros, na
Idade Média e na atualidade, relacionam-se respectivamente à
a) pequena população de então e à forte explosão demográfica de hoje, principalmente nos países mais ricos.
b) baixa capacidade de defesa do ocidente europeu medieval e ao atual aumento da imigração originária de antigas colônias.
c) pobreza e carência de qualquer unidade religiosa de antes e ao atual apogeu político, cultural e militar.
d) divisão em variados grupos étnicos e religiosos no passado e à ameaça presente de uma unificação católica.
e) precariedade do conhecimento técnico-científico medieval e à atual liderança mundial nas pesquisas tecnológicas.

22. (Fuvest Jan08) Se, para o historiador, a Idade Média não pode ser reduzida a uma “Idade das Trevas”, para o senso comum, ela continua a ser lembrada dessa maneira, como um período de práticas e instituições “bárbaras”.
Com base na afirmação acima, indique e descreva
a) duas contribuições relevantes da Idade Média.
b) duas práticas ou instituições medievais lembradas negativamente.

23. (UEL Dez07) “Aqui em baixo uns rezam, outros combatem e outros ainda trabalham.”
(DE LAON, Adalberão. Carmen ad Rodbertum Regem. In: DUBY, G. As tres ordens:o imaginário do feudalismo. Lisboa: Editora Estampa, 1982. p. 25.)
Esse preceito, apresentado inicialmente pelo bispo Adalberão, no século XI, em parte reflete as funções/atividades
mais características do período medieval, em parte tem função ideológica, pois esse ordenamento pretendia fortalecer a divisão e a hierarquia.
Ainda sobre a sociedade medieval, é correto afirmar:
a) A divisão acima mencionada reflete uma sociedade na qual a religiosidade se impõe nas várias esferas da vida, em
que o braço armado tende a impor seu poder sobre os desarmados, em que a economia se fundamenta no trabalho agrícola.
b) Definida a sociedade entre religiosos, guerreiros e camponeses a partir do Tratado de Verdum, as atividades não permitidas pela Igreja foram perseguidas pelos tribunais inquisitoriais.
c) Diante da limitação das funções às três ordens e perseguição aos comerciantes promovida pelas monarquias nascentes, a atividade comercial declinou, situação essa que se reverteu no século XVI no contexto do Renascimento Comercial.
d) O poder eclesiástico se impunha a partir do momento do batismo, quando era definido o destino de cada criança, de acordo com as necessidades fundadas na sociedade de ordens.
e) A divisão apresentada, característica do período entre os séculos XI e XIII, revela a estagnação econômica da sociedade, o que explica a crise agrícola e o recuo demográfico.

24. (UEL Dez07) Sobre a religiosidade medieval, é correto afirmar:
a) Com o fim do Império Romano, o Cristianismo, até então perseguido, difundiu-se pela Europa, sendo seus adeptos liberados dos impostos pagos pelos idólatras.
b) A prática da bruxaria, então disseminada nos meios clericais, provocou a reação dos crentes e a Revolução Protestante, levando à renovação da experiência cristã.
c) O ateísmo foi combatido duramente pela inquisição, tendo como conseqüência o desaparecimento dos descrentes
até o século XVIII.
d) A experiência da reclusão foi bastante característica na vida religiosa do período medieval, sobressaindo-se a ordem beneditina, fundada sobre o princípio da vida dedicada à oração e ao trabalho.
e) A ativa participação dos leigos na instituição eclesiástica, assim como uma tendência ao enfraquecimento da hierarquia dessa, podem ser apontadas como características do período.

25. (UEL Dez07) Observe a imagem a seguir:

(Detalhe da Tapeçaria de Bayeux (c. 1066-1077). Disponivel em: www.ricardocosta.com/textos/bayeux1.htm. Acesso em: 24 out. 2007.)
Com base na imagem, considere as afirmativas a seguir:
I. A cultura medieval caracterizou-se pela ausência de uma expressão artística própria, o que redundou na retomada dos elementos da cultura clássica no Renascimento.
II. A exemplo da Tapeçaria de Bayeux, manta encomendada para cobrir o corpo de Carlos Magno, a expressão cultural dos homens do período medieval era fundada na confecção de objetos menores, fáceis de transportar.
III. O bordado conservado é um exemplar de expressão cultural não voltado para a liturgia ou culto cristão, o que não era comum, pois grande parte da arte que se conservou está relacionada à religiosidade.
IV. A tapeçaria apresenta um relato da invasão normanda na Inglaterra e traz características da arte do período como a simplicidade das formas e economia de elementos.

A partir da imagem dada e dos conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que contém todas as afirmativas
corretas.
a) I e IV.
b) III e IV.
c) II e III.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.

26. (UEL Dez06) "Durante os séculos XI a XIII verificou-se nas atividades agrícolas e artesanais da Europa Centro-Ocidental um conjunto de transformações (...) que repercutiram no crescimento das trocas mercantis. Situa-se aí historicamente o chamado renascimento urbano medieval."
Fonte: RODRIGUES, A. E.; FALCON, F. A formação do mundo moderno. 2a. ed. Rio de Janeiro: Elesevier, 2006, p.9. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que tais mudanças econômicas:
a) Caracterizaram-se pelo desenvolvimento das técnicas de produção e amplo emprego de recursos energéticos, tais como carvão e petróleo.
b) Implicaram no capitalismo mercantil incrementado pelo amplo comércio atlântico, fomentado por negociantes italianos e príncipes alemães.
c) Aumentaram a produção no campo e na cidade e fomentaram a circulação de bens e moedas, viabilizados por novos instrumentos de crédito a governantes e comerciantes.
d) Privatizaram as terras e introduziram um modelo de produção fabril, promovido pelo governo britânico.
e) Reforçaram o predomínio político e comercial dos senhores feudais sobre os governos citadinos.

27. (UFSCAR Dez07) O Quarto Concílio de Latrão, em 1215, decretou medidas contra os senhores seculares caso protegessem heresias em seus territórios, ameaçando-os até com a perda dos domínios. Já antes do Concílio e como conseqüência dele, as autoridades laicas decretaram a pena de morte para evitar a disseminação de heresias em seus territórios, a começar por Aragão em 1197, Lombardia em 1224, França em 1229, Roma em 1230, Sicília em 1231 e Alemanha em 1232.
(Nachman Falbel. Heresias medievais, 1976.)
A respeito das heresias medievais, é correto afirmar que
A) o termo heresia designava uma doutrina contrária aos princípios da fé oficialmente declarada pela Igreja Católica.
B) os heréticos eram filósofos e teólogos que debatiam racionalmente a natureza divina e humana da Trindade no século XIII.
C) a Igreja tinha atitudes tolerantes com os hereges de origem popular, que propunham uma nova visão ética da instituição eclesiástica.
D) os primeiros heréticos apareceram nos séculos XII e XIII e defendiam antigas doutrinas difundidas pelo império otomano.
E) a heresia era conciliável com o poder temporal do Papa, mas provocou a ruptura das relações entre a Igrejae o Estado.

28. (UFSCAR Dez07) Conforme lembrou Marc Bloch, o recurso à “maquinaria” era apenas um meio de os monges se conservarem disponíveis para o mais importante, o essencial, quer dizer, o Opus Dei, a oração, a vida contemplativa. Longe de ser uma instalação corrente, o moinho era uma raridade, uma curiosidade, e a sua construção por monges passava, aos olhos contemporâneos, mais como prova de saber quase sobrenatural, quase traumatúrgico dos monges, do que como exemplo de sua habilidade técnica. (...) Este trabalho monástico tem, sobretudo, aspecto penitencial. É porque o trabalho manual se liga à queda, à maldição divina e à penitência, que os monges, penitentes profissionais, penitentes de vocação, penitentes por excelência, devem dar esse exemplo de mortificação.
(Jacques Le Goff. Para um novo conceito de Idade Média, 1993.)
a) Quem exercia o trabalho manual na Europa na Idade Média? Quais valores predominavam em relação ao trabalho manual?
b) Cite um exemplo de valorização do trabalho manual na Idade Média européia.

29. (UNESP Jul08) A singular história portuguesa, sulcada interiormente com a marcha da supremacia do rei, fixou o leito e a moldura das relações políticas, das relações entre o rei e os súditos. Ao príncipe, afirma-o prematuramente um documento de 1098, incumbe reinar (regnare), ao tempo que os senhores, sem a auréola feudal, apenas exercem o dominare, assenhoreando a terra sem governá-la.
(Raymundo Faoro, Os donos do poder.)
A partir do texto, explique os fatores que marcam a singularidade da história política portuguesa.

30. (UNESP Jul08) Observe a foto da Catedral de Notre Dame de Paris, construída entre 1163 e 1250.
(Adhemar Marques, Pelos caminhos da História: Ensino Médio.)
Sobre o contexto histórico que levou ao surgimento das catedrais, pode-se afirmar:
A) o papel dos monarcas foi decisivo, financiando a sua construção para glorificar o poder real.
B) sua construção está associada ao reflorescimento e à prosperidade do mundo urbano.
C) financiadas com os recursos do clero romano, ampliaram a influência do Papa no Oriente.
D) surgiram como resposta do papado ao Cisma do Oriente, glorificando a Igreja Romana.
E) eram templos destinados à alta nobreza, que assim evitava o contato com o povo da cidade.

31. (UNESP Dez07) O culto de imagens de pessoas divinas, mártires e santos foi motivo de seguidas controvérsias na história do cristianismo.
Nos séculos VIII e IX, o Império bizantino foi sacudido por violento movimento de destruição de imagens, denominado “querela dos iconoclastas”. A questão iconoclasta
A) derivou da oposição do cristianismo primitivo ao culto que as religiões pagãs greco-romanas devotavam às representações plásticas de seus deuses.
B) foi pouco importante para a história do cristianismo na Europa ocidental, considerando a crença dos fiéis nos
poderes das estátuas.
C) produziu um movimento de renovação do cristianismo empreendido pelas ordens mendicantes dominicanas e
franciscanas.
D) deixou as igrejas católicas renascentistas e barrocas desprovidas de decoração e de ostentação de riquezas.
E) inviabilizou a conversão para o cristianismo das multidões supersticiosas e incultas da Idade Média européia.

32. (UNESP Dez06) Em cada letra da página divina [a Bíblia] há tantas verdades sobre as virtudes, tantos tesouros de sabedoria acumulados, que apenas aquele a quem Deus concedeu o dom do saber [dela] pode usufruir plenamente. Poderiam estas “pérolas” ser distribuídas aos “porcos” e a palavra a ignorantes incapazes de recebê-la e, sobretudo, de propagar aquilo que receberam?
(Texto escrito pelo inglês Gautier Map, por volta de 1181.)
Comparando o conteúdo do texto com a história do cristianismo, conclui-se que o autor
A) interditava aos pecadores a leitura da Bíblia, reservando-a à interpretação coletiva nos mosteiros medievais.
B) considerava aptos para interpretarem individualmente a Bíblia todos os fiéis que participassem do culto católico.
C) postulava a exigência de comunicação direta do fiel com Deus, independentemente da leitura dos textos sagrados.
D) referia-se a um dogma da Igreja medieval abolido pela reforma católica promovida pelo Concílio de Trento.
E) opunha-se a um princípio defendido por heresias medievais e que foi retomado pelas reformas protestantes.

33. (UNESP Jul06) As novas migrações e invasões dos séculos IX e X acabaram esfacelando a frágil autoridade dos Reis e contribuindo para acelerar o fortalecimento do poder local (...). Partindo da Península Ibérica e do Norte da África os muçulmanos ocuparam as Ilhas Baleares, a Córsega e a Sicília, de onde incrementaram as incursões de pilhagem às regiões do Sul da Europa; além de provocarem devastações materiais e acentuarem a insegurança geral, contribuíram para paralisar o comércio urbano (...). Os normandos, por sua vez, abateram-se sobre as regiões setentrionais: em velozes embarcações saqueavam as terras litorâneas e, com o tempo, adentravam pelos cursos fluviais, levando à destruição, ao pânico e à morte as regiões do interior, chegando mesmo a ocupar vastas faixas territoriais, como a Normandia. Por terra, vindos da Ásia Central e da Europa Oriental, os magiares ou húngaros, velozes e belicosos cavaleiros, desfecharam expedições de pilhagem por regiões da Europa Ocidental.
(Rubim Santos Leão Aquino et alli, Historia das sociedades. Das comunidades primitivas às sociedades medievais.)
a) Identifique no texto um efeito político e um efeito econômico decorrente das migrações e invasões dos séculos IX e X na Europa Ocidental.
b) A partir do século XI, verificou-se um crescimento populacional na Europa Ocidental. Indique dois fatores que explicam esse fenômeno.

34. (UNESP Jul06) Sabei que concedi aos tecelões de Londres para terem a sua guilda em Londres, com todas as liberdades e costumes que tinham no tempo do rei Henrique, meu avô. E assim, que ninguém dentro da cidade se intrometa neste ofício salvo por permissão dos [tecelões], a não ser que pertença à guilda, (...) Por isso ordeno firmemente que possam praticar legalmente o seu ofício em toda a parte e que possam ter todas as coisas acima mencionadas, tão bem, pacífica, livre, honrada e inteiramente como sempre as tiveram no tempo do rei Henrique, meu avô. Assim, paguem-me sempre em cada ano 2 marcos de ouro pela festa de S. Miguel.
(Monumenta Gildhallas Londoniensis, Líber Custamarum. Apud Marco Antônio Oliveira Pais, O despertar da Europa.)
O documento, de meados do século XII, faz referência
A) às corporações de ofício.
B) às relações de vassalagem.
C) ao Tribunal da Santa Inquisição.
D) ao direito senhorial da mão morta.
E) ao dízimo eclesiástico.

35. (UNIFESP Dez07) Houve, nos últimos séculos da Idade Média ocidental, um grande florescimento no campo da literatura e da arquitetura. Contudo, se no âmbito da primeira predominou a diversidade (literária), no da segunda predominou a unidade (arquitetônica). O estilo que marcou essa unidade arquitetônica corresponde ao
a) renascentista.
b) românico.
c) clássico.
d) barroco.
e) gótico.

36. (UNIFESP Dez07) Sabe-se que o feudalismo resultou da combinação de instituições romanas com instituições bárbaras ou germânicas.
Indique e descreva no feudalismo uma instituição de origem
a) romana.
b) germânica.

37. (UNIFESP Dez06) Ao longo da Baixa Idade Média, a Igreja (com o papa à frente) e o Estado (com o imperador ou rei à frente) mantiveram relações conflituosas como, por exemplo, durante a chamada Querela das Investiduras, nos séculos XI e XII, e a transferência do papado para Avignon, no sul da França, no século XIV. Sobre essa disputa, indique
a) os motivos.
b) os resultantes e sua importância ou significação histórica.

38. (UNIFESP Dez06) O mosteiro deve ser construído de tal forma que tudo o necessário (a água, o moinho, o jardim e os vários ofícios) exerce-se no interior do mosteiro, de modo que os monges não sejam obrigados a correr para todos os lados de fora, pois isso não é nada bom para suas almas. (Da Regra elaborada por São Bento, fundador da ordem dos beneditinos, em meados do século VI.) O texto revela
A) o desprezo pelo trabalho, pois o mosteiro contava com os camponeses para sobreviver e satisfazer as suas necessidades materiais.
B) a indiferença com o trabalho, pois a preocupação da ordem era com a salvação espiritual e não com os bens terrenos.
C) a valorização do trabalho, até então historicamente inédita, visto que os próprios monges deviam prover a sua subsistência.
D) a presença, entre os monges, de valores bárbaros germânicos, baseados na ociosidade dos dominantes e no trabalho dos dominados.
E) o fracasso da tentativa dos monges de estabelecer comunidades religiosas que, visando a salvação, abandonavam o mundo.

39. (Unicamp Jan07) Podemos ver nas heresias dos séculos XII e XIII uma tentativa de apontar os erros e os desvios da Igreja, como sua intervenção no poder secular à custa de sua missão espiritual. A natureza da sociedade feudal cristã conduzia à visão da heresia como quebra da ordem divina e social. A heresia era uma falta grave, equivalente, no plano religioso, à quebra de um juramento entre um vassalo e seu senhor, de tal modo que infidelidade religiosa e social se confundem. (Adaptado de Nachman Falbel, Heresias medievais. São Paulo: Perspectiva, 1977, p. 13-15.)
a) Identifique no texto duas características das heresias dos séculos XII e XIII.
b) Como a Igreja reprimia as heresias na Idade Média?
c) Como as reformas religiosas do século XVI contestaram a autoridade da Igreja?

40. (Unicamp Nov07) Em 1348 a peste negra invadiu a França e, dali para a frente, nada mais seria como antes. Uma terrível mortalidade atingiu o reino. A escassez de mão-de-obra desorganizou as relações sociais e de trabalho. Os trabalhadores que restaram aumentaram suas exigências. Um rogo foi dirigido a Deus, e também aos homens incumbidos de preservar Sua ordem na Terra. Mas foi preciso entender que nem a Igreja nem o rei podiam fazer coisa alguma. Não era isso uma prova de que nada valiam? De que o pecado dos governantes recaía sobre a população? Quando o historiador começa a encontrar tantas maldições contra os príncipes, novas formas de devoção e tantos feiticeiros sendo perseguidos, é porque de repente começou a se estender o império da dúvida e do desvio.
(Adaptado de Georges Duby, A Idade Média na França (987-1460): de Hugo Capeto a Joana d’Arc. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992, p. 256-258.)
a) A partir do texto, identifique de que maneira a peste negra repercutiu na sociedade da Europa medieval, em seus aspectos econômico e religioso.
b) Indique características da organização social da Europa medieval que refletiam a ordem de Deus na Terra.

41. (Ibmec 07) “Ao revelar para uma Europa atônita o esplendor e os mistérios da China, Polo encerra a geografia do lendário e incorpora o real ao maravilhoso.”
(YERASIMOS, Stéphane. Prefácio In: POLO, Marco. O livro das maravilhas: a descrição do mundo. Porto Alegre: L&PM, 1985, p. 11)

O comerciante veneziano Marco Polo partiu para uma viagem à China em 1275, retornando definitivamente
em 1295. As descrições de Marco Polo povoaram a imaginação dos europeus nos séculos seguintes. Sobre o
contexto histórico da Europa no período das viagens de Marco Polo, podemos afirmar que:

a) A Europa Medieval vivia o período do Renascimento Comercial e a cidade de Veneza destacava-se dominando
rotas de comércio com o Oriente.
b) As primeiras cruzadas aumentaram o contato da Europa com o Oriente, estabelecendo rotas comerciais que
passaram a ser exploradas pelos comerciantes venezianos.
c) A Europa estava em guerra com os Mongóis que, sob a liderança de Kublai Cã, tinham invadido o leste da
Europa, chegando às imediações de Viena.
d) A Europa vivia um período de grande crise comercial com a diminuição da produção, o fechamento de importantes rotas comerciais e o advento da Peste Negra.
e) A cidade de Veneza tinha perdido a supremacia comercial para Florença, que dominava a rota da seda, forçando os venezianos a procurarem novas rotas de comércio com o Oriente.

(Ibmec 07) Utilize o texto abaixo para responder aos testes 42 e 43.
42. A mulher deve ser governada. Essa certeza encontra seu apoio nos textos da Sagrada Escritura e propõe a imagem
exemplar da relação homem-mulher. Essa relação deve ser hierárquica, tomando o seu lugar na ordem hierárquica
universal: o homem deve sujeitar as mulheres que lhe são confiadas, mas amá-las também, e as mulheres devem ao homem que tem poder sobre elas a reverência. Essa troca de dilectio e de reverentia institui ordem no interior do grupo doméstico e, de início, no que forma o núcleo desse grupo, o casal. Mas, da relação entre o esposo e a esposa, os moralistas da igreja julgam naturalmente que esse outro sentimento, diferente da dilectio, que eles chamam em latim de amor, deve ser excluído, porque o amor sensual, o desejo, o impulso do corpo, é a perturbação, a desordem; normalmente, ele deve ser rejeitado do quadro matrimonial, localizado no espaço do jogo, da gratuidade, o lugar que lhe é concedido por este divertimento da sociedade que chamamos de amor cortês. O casamento é coisa séria; ele exige austeridade; a paixão não deve misturar-se aos assuntos conjugais.
(DUBY, Georges. Idade Média, idade dos homens: do amor e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 93.)
No trecho acima, o historiador Georges Duby traça o perfil da relação homem-mulher na Idade Média. Nesse
perfil, podemos perceber
a) a defesa da igualdade entre homens e mulheres, já sentida nesse período, cerca de mil anos antes do movimento
feminista do século XX.
b) a existência da mulher como cortesã, realizando o papel da esposa fiel que presta reverência a seu marido e mantém a ordem do grupo doméstico.
c) a defesa do amor sensual para a manutenção do núcleo familiar, dando a seriedade necessária aos assuntos conjugais.
d) o casamento como uma instituição necessária para estabelecer uma ordem universal, na qual os homens se sujeitam às mulheres.
e) a importante presença da Igreja como definidora do papel de submissão que a mulher deveria exercer dentro do âmbito familiar na sociedade medieval.

43. No que tange o mundo ocidental, longo foi o percurso da luta pelos direitos da mulher, da idade média aos nossos
dias. Sobre esse percurso, é correto afirmar:
I. Pouca coisa mudou na relação hierárquica entre homem e mulher no interior dos núcleos familiares, marcada
pela sujeição das mulheres e por sua reverência aos homens, relação essa defendida nos países católicos em
virtude de uma concepção ainda patriarcal da família.
II. A presença das sufragistas só aconteceu em meados do século XX, quando francesas e inglesas saíram às ruas,
lutando pelo direito ao voto, uma das bandeiras pela igualdade dos sexos.
III. A reivindicação pelos direitos sobre o corpo e a sua conquista caracterizam o feminismo contemporâneo, no
qual a pauta do dia é a luta pela liberdade de contracepção e o direito à interrupção voluntária da gravidez.
IV. No início dessa luta, a simples presença das mulheres na rua, agindo em causa própria, era vista como um ato
subversivo e sentida como uma violência dentro da ordem estabelecida.
a) apenas III está correta.
b) apenas III e IV estão corretas.
c) apenas I, II e III estão corretas.
d) apenas I, II, IV estão corretas.
e) apenas II, III e IV estão corretas.

Gabarito
1 – D
2 – C
3 – A
4 – D
5 – B
6 – E
7 – E
8 – A
9 – E
10 - a) A servidão, durante a Idade Média, consistiu na mais importante modalidade de trabalho na Europa Ocidental. Os servos (camponeses) tinham vínculos com a terra e, pelo direito de usá-la para seu sustento e em troca de proteção, eram explorados e submetidos a diversas obrigações pelos nobres detentores das terras.
b) No século XIV, o sistema feudal europeu foi se desestruturando em meio a uma grave crise, vinculada à disseminação de epidemias (peste), à Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e à eclosão de inúmeras revoltas camponesas (Jacqueries). O surgimento de contratos de arrendamento da terra, assalariamento e novas formas de exploração do trabalho são sintomas da desagregação da servidão e da expansão de diversas relações econômicas fundadas no capitalismo comercial. Resolução Anglo
11 - a) Dentre os aspectos comuns às cidades antiga e medieval, podemos destacar os vínculos entre a área urbana e seu entorno rural, a tendência à autonomia política verificada nas pólis gregas e nas comunas medievais, além do fato de as cidades, de uma forma geral, também serem centros de trocas comerciais (salvo algumas exceções como Esparta). Por fim, podemos lembrar que em ambas a área urbana era o centro de convívio social, que levava ao aumento da produção cultural nas suas várias formas, inclusive religiosa.
b) Dentre os aspectos específicos de cada uma delas, podemos destacar o caráter urbanístico: a cidade antiga normalmente era mais dispersa, e a cidade medieval, mais aglomerada, muitas vezes tendo seu espaço limitado por muralhas. Além disso, pode-se falar em estruturas sociais diferenciadas: na cidade antiga, de forma geral, o predomínio de uma aristocracia fundada na posse da terra, e na medieval, em setores vinculados ao comércio. Por fim, no mundo medieval, a cidade era o berço de novos valores, de um novo sentido de liberdade, pois era muitas vezes vista como contraponto do campo, onde vigorava a exploração servil.
12 – E
13 – D
14 – E
15 – B
16 – C
17 – B
18 – D
19 – C
20 – E
21 – B
22 - a) A Idade Média legou importantes contribuições para a posterioridade: inovações como um novo modo de utilizar o moinho de vento e a invenção de um novo tipo de arado; o desenvolvimento expressivo da arquitetura; e o desenvolvimento no campo das idéias, a preservação e difusão da filosofia clássica e o modelo de universidade, vigente até hoje.
b) A idéia de “Idade das Trevas” foi concebida no Renascimento, reforçada pelo Iluminismo. Para o senso comum, uma prática do período, a alquimia — embrião da química —, relacionava-se normalmente à bruxaria. As práticas inquisitoriais da Igreja levaram à perseguição de pessoas e grupos que questionassem a instituição. A própria Igreja era vista equivocadamente como monopolizadora do saber, mas controlava principalmente o saber erudito. Outra instituição feudal era a servidão, lembrada negativamente como a submissão dos camponeses à exploração da nobreza.

23 – E

24 – D

25 – C

26 – C

27 – A

28 - a) O trabalho manual na Idade Média era exercido, predominantemente, pela Terceira Ordem, ou seja, os camponeses. Esse tipo de trabalho era relegado à camada baixa, pois era entendido como castigo punitivo, relacionado à expulsão do Paraíso após o pecado original e à maldição divina: “vais comer o fruto do vosso suor”.
b) É possível citar o trabalho artesanal que, no final da Idade Média, foi caracterizado pelo refinamento dos Mestres, organizados nas Corporações de Ofício. Outro exemplo seria o trabalho assalariado dos artesãos, responsáveis pela construção das catedrais e organizados nas ordens maçônicas.

29 - Qual foi a singularidade da história portuguesa na Idade Média? Foi a precoce centralização monárquica naquele
país.
O principal fator responsável por essa centralização foi o longo período de contínuas guerras mantidas pelos portugueses contra os mouros e os castelhanos. Comandando o exército praticamente do primeiro ao último dia de seus reinados, os soberanos da dinastia de Borgonha adquiriram um incontestável poder militar, que lhes permitiu, num espaço de tempo relativamente curto, concentrar também em suas mãos os poderes político, administrativo e judiciário. É por isso que, como diz o texto, os nobres “apenas exercem o dominare, assenhoreando a terra sem governá-la”.

30 – B

31 – A

32 – E

33 - a) O texto faz referência ao processo de formação e consolidação do Feudalismo. Na esfera política, destaca o enfraquecimento da autoridade dos reis e o fortalecimento do poder local. No plano econômico, enfatiza a diminuição das atividades comerciais decorrentes das mais variadas incursões militares.
b) Na Baixa Idade Média a diminuição das guerras e a melhoria das técnicas agrícolas colaboraram para o crescimento demográfico.

34 – A

35 – E

36 - a) A servidão medieval, marcada pelo vínculo dos camponeses à terra, teve origem na instituição do colonato durante o Baixo Império Romano.
b) A instituição da vassalagem entre os nobres feudais tem sua origem associada à tradição germânica de alianças militares, definida como comitatus.


37 - a) Tal disputa pela hegemonia política na Europa feudo-medieval foi motivada pelo conflito entre o poder
temporal do Estado, simbolizado pelo rei, e o espiritual, simbolizado pelo Papa.
b) A principal conseqüência dessas relações conflituosas foi o declínio do poder feudo-papal frente à emergência
do estado real. Dessa forma, sua importância histórica é a decadência do mundo medieval.

38 – C

39 - a) A partir do texto podemos identificar as heresias como uma “(...) tentativa de apontar os erros e os desvios da Igreja”. Pela visão da sociedade feudal cristã da época esses movimentos eram vistos “(...) como quebra da ordem divina e social” — assim sendo, como uma desestruturação da própria hierarquia da Igreja de Roma.
b) A Igreja atuava contra as heresias medievais através de forte repressão, inclusive de formas violentas, como as cruzadas ou a Inquisição. Além disso, por meio da propaganda religiosa, nos cultos, exercia a sua hegemonia ideológica.
c) As reformas religiosas do século XVI contestaram a autoridade da Igreja de várias formas, como, por exemplo, a disseminação da livre leitura e interpretação da Bíblia, a quebra da hierarquia e da hegemonia política e religiosa exercida pela Igreja e também a negação da infalibilidade papal.

40 - a) A peste negra ocorreu no quadro mais amplo da crise do século XIV e foi uma das expressões do esgotamento do sistema feudal. A grande mortalidade gerou escassez de mão-de-obra, resultando na própria crise da servidão, expressa através de revoltas como as jacqueries. O encolhimento do mercado e a paralisação das rotas terrestres (intensificada pela Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra) estimularam as navegações e a busca de novas rotas. No aspecto religioso, as interpretações da peste estão conectadas ao cristianismo medieval. A idéia de um castigo divino permite leituras que colocam em questão a validade dos poderes temporal e espiritual. A peste
também serviria de argumento para ampliar as perseguições aos grupos considerados heréticos.
b) A concepção de sociedade, na Europa medieval, baseava-se nas idéias teocêntricas, dadas pela Igreja. Dessa maneira, a sociedade, estratificada, compunha-se de três ordens, formando um único corpo: o clero, os que rezam; a nobreza, os que combatem; e os camponeses, os que trabalham. No entanto, o texto refere-se a um período final da Idade Média, em que a ordem tradicional defendida pela Igreja sofria inúmeros questionamentos.

41 – A
42 – E
43 – B

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