Reflexão

A FÉ NÃO CONSISTE NA IGNORÂNCIA, MAS NO CONHECIMENTO.
João Calvino

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Manifestantes pedem saída de Amazonino da prefeitura de Manaus

Em http://portalamazonia.globo.com/pscript/noticias/noticias.php?idN=121118
26 de fevereiro de 2011
Larissa Balieiro - portalamazonia@redeamazonica.com.br

MANAUS – Estudantes e profissionais liberais organizaram um protesto, na manhã deste sábado (26), para pedir a saída do prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB) do Executivo Municipal. O movimento começou na Praça do Congresso e percorreu ruas e avenidas do Centro, como Epaminondas, Instalação, Sete de setembro e Ramos Ferreira.

Entre as reivindicações está a cobrança da “Taxa do Lixo”, criação da Zona Azul para estacionamento privativo no Centro de Manaus e redução da meia passagem. Os manifestantes também protestaram contra o projeto de reajuste do salário mínimo de R$ 545, aprovado nesta semana pelo Congresso Nacional.

Segundo o estudante de jornalismo Paulo Roberto, 23, a mobilização espontânea aconteceu com o uso das redes sociais e também pelo microblog twitter. A reportagem do Portal Amazônia apurou que integrantes do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Partido dos Trabalhadors (PT) aderiram ao movimento.

O grupo disse apoiar o pedido de impeachment movido pelo vereador Joaquim Lucena, protocolado na Câmara Municipal de Manaus, na última sexta-feira (25), em resposta à discussão do prefeito Amazonino com uma moradora da comunidade Santa Mara, zona Norte de Manaus, na última segunda-feira (21).

Faixas hasteadas pelos manifestantes continham frases como "Fora Amazonino" e "Amazonenses e Paraenses Unidos", uma alusão ao mesmo episódio protagonizado pelo prefeito, na discussão com a moradora da Zona Norte.


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

2011 - Crise no Egito

Um debate sobre a recente crise no Egito...




Agora leia o excelente texto de
http://g1.globo.com/crise-no-egito/noticia/2011/02/entenda-crise-no-egito.html


Entenda a crise no Egito

Hosni Mubarak comandou o país durante 30 anos.
Ele deixa cargo após 18 dias de levante popular.

O Egito passa, neste começo de 2011, por uma mudança política desencadeada por revolta popular. Nesta sexta-feira (11), a renúncia do presidente Hosni Mubarak foi anunciada pelo vice-presidente do país, Omar Suleiman. Mubarak estava há 30 anos no poder.

A decisão ocorre após 18 dias de violentos protestos de rua que deixaram mais de 300 mortos e 5 mil feridos. O movimento popular  tem inspiração no levante que derrubou o presidente da vizinha Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, cujo governo se prolongava havia 23 anos. Além do Egito, os levantes no mundo árabe inspirados no exemplo da Tunísia se espalharam por Jordânia, Iêmen, Argélia, Mauritânia, Sudão e Omã.

Aos 82 anos, Mubarak já havia apresentado alguns problemas de saúde e, depois da pressão popular, admitiu que não seria candidato a um sexto mandato na eleição presidencial. A eleição está prevista para setembro deste ano.

Analistas acreditavam que ele iria tentar emplacar seu filho, Gamal Mubarak, como sucessor no comando do Partido Nacional Democrático (PND), o maior do país. Entretanto, Gamal e outras lideranças deixaram o partido no sábado (5). Nesta sexta, o secretário-geral do partido, Hossam Badrawi, renunciou ao cargo dizendo que o país em crise "precisa de novos partidos".

Fotos históricas de Mubarak: à esquerda, ele fala ao Parlamento em abril de 1987; à direita, no topo, Em 1981, como vice-presidente;  abaixo, em encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em 2011 (Foto: AP/Arquivo)
Fotos históricas de Mubarak: à esquerda, ele fala ao Parlamento em abril de 1987; à direita, no alto, imagem de 1981, quando era vice-presidente; à direita, no canto inferior, Mubarak em encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em 2011 (Foto: AP/Arquivo)

Um dia antes da renúncia, Mubarak fez discurso na TV e afirmou que pretendia continuar no governo até setembro, à frente da transição de poder. Ele também disse que iria transferir poderes ao seu vice, Omar Suleiman.
Partido
O partido domina o Parlamento e esteve todos estes anos a serviço do ex-presidente, que também comandava as Forças Armadas. Mas a estabilidade deste ex-militar da Aeronáutica, principal aliado do Ocidente entre os países árabes, se viu ameaçada pela primeira vez.
No final de janeiro, a oposição no Egito se uniu pela primeira vez para integrar os protestos iniciados em 25 de janeiro. Principal força oposicionista, a Irmandade Muçulmana, que tinha deixado aos seus membros a possibilidade de participar dos protestos, anunciou seu apoio oficial dias depois.

O posicionamento da Irmandade Muçulmana, organização da qual se originou a facção palestina Hamas, representou um novo desafio ao governo de Mubarak.
Somou-se a isto o retorno ao país do Nobel da Paz e ex-presidente da Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU, Mohamed ElBaradei. Ele, que conta com a simpatia do Ocidente, expressou sua disposição de assumir um eventual governo de transição e não descartou concorrer nas eleições de setembro.

O presidente dos EUA, Barack Obama, que tem no Egito o principal aliado no mundo árabe, também pressionou pela saída imediata de Mubarak. Líderes da União Europeia se juntaram aos apelos pela renúncia.

Até mesmo aliados de Mubarak, como o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia, Mostapha al Fekki, também membro do Partido Nacional Democrata, pediram ao presidente egípcio "reformas sem precedentes" para evitar uma revolução no Egito.
mapa do egito com dados (Foto: Editoria de Arte / G1) (Ilustração: Editoria de Arte / G1)
Pressão
Pressionado, Mubarak anunciou que não iria disputar a reeleição, nem mesmo tentar lançar o filho como sucessor. O governo também anunciou concessões, como um aumento de 15% nos salários do funcionalismo e nas aposentadorias.
Pela primeira vez em 30 anos de regime, Mubarak nomeu um vice-presidente, Omar Suleiman, que assumiu o comando das negociações com a oposição, e novos ministros. Em sua primeira reunião, o novo gabinete ministerial prometeu investigar casos de fraude eleitoral e corrupção no serviço público.
As medidas, no entanto, foram consideradas "vagas" pela oposição, que continou a reunir centenas de milhares de manifestantes na praça Tahrir, local que se tornou símbolo dos protestos antigoverno e palco das celebrações da abertura democrática.

RepressãoA dura repressão aos protestos no Egito provocou reações de diversos países. A ONU estima que mais de 300 pessoas tenham morrido e que milhares ficaram feridas desde o início das manifestações.
Houve intimidação e violência contra jornalistas, inclusive brasileiros. O uso de redes sociais para convocar as manifestações fez com que a internet e o sinal de algumas operadoras de telefonia celular fossem interrompidos – o governo negou intervenção.
Relação com os EUAA proliferação de revoltas para países menores preocupa autoridades ocidentais pela fragilidade destes regimes. Outra preocupação do mundo Ocidental é com relação a Israel, já que, atualmente, só dois países da região têm tratados de paz com o país: Egito e Jordânia.
O número dois da diplomacia americana, James Steinberg, anunicou que os Estados Unidos trabalharão para assegurar que a violência desatada no Egito não crie "novos perigos para Israel ou a região".


Vídeo - História do Brasil


Monica Waldvogel entrevista Marco Antonio Villa e Leandro Narloch (esse último, autor do "Guia politicamente incorreto da História do Brasil")

Pré-História da Amazônia

Período Pré-Cerâmico na Amazônia (12000 a.C. a 3000 a.C.)


extraído de
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_pr%C3%A9-cabralina_do_Brasil


As datações mais antigas da região amazônica atribuem aos primeiros habitantes da região datas como 12500 a.C. É provável que o território já houvesse sido colonizado anteriormente, mas apenas o avanço da pesquisa na Amazônia poderá confirmar essa hipótese. Os arqueólogos identificam um desenvolvimento da técnica de lascar pedras, começando pelo lascamento por percussão e seguindo para o lascamento por pressão. As mudanças nas técnicas de lascamento são associadas a diferentes modalidades de caça, uma voltada para os animais de grande porte, e outra para os animais de pequeno porte. Nada, contudo, é certo sobre o estilo de caça dos antigos povos amazônicos. Os estudiosos acreditam que esses povos se alimentavam de moluscos (observação baseada na descoberta de sítios como os sambaquis), pequenos animais e frutos. Os sambaquis continuam sendo os principais sítios arqueológicos desse período na Amazônia.

Recentes descobertas sobre a Agricultura Amazônica - Novas pesquisas em Rondônia atribuem uma antiguidade muito maior à prática da agricultura na Amazônia. De acordo com o arqueólogo Eduardo Bespalez, a agricultura amazônica pode chegar a 8000 anos, uma data próxima dos primeiros registros de agricultura no mundo. Além disso, o sítio arqueológico de Garbin reforça a tese de Ana Roosevelt de que a cerâmica não esteve associada, nas suas origens, à agricultura. Os arqueólogos brasileiros encontraram apenas indústria lítica associada à terra preta (principal indício da prática de agricultura na região). As novas descobertas podem jogar luz sobre os mistérios que envolvem desde o significado de sociedades complexas na Amazônia até as origens da Floresta Amazônica, possivelmente antropogênica.

Período Cerâmico Incipiente (3000 a.C. a 1000 a.C.)
Durante essa época os povos amazônicos adotaram um estilo de vida similar ao estilo de vida adotado por muitas tribos do território atualmente. Assim, os indígenas teriam vivido em estado de relativa fixação, realizando a horticultura de raízes. Esses grupos desenvolveram a primeira cerâmica elaborada da América, com temas geométricos e zoomórficos, pinturas em tinta branca e vermelha. Os vasos assumiram formatos ovais e circulares. Os grupos de estilos cerâmicos mais conhecidos são chamados de Hachurado Zonado e Saldóide Barrancóide. O último é relacionado a incisões e pinturas em vermelho e branco, enquanto o primeiro à preferência pelo hachurado zonado. Cerâmicas do estilo Saldóide, encontradas no baixo e médio Orenoco, parecem terem sido criadas entre 2800 a 800 a.C. Os estilos Hachurados Zonados de Tutoshcainyo e Ananatuba datam, respectivamente, de cerca de 2000-800 a.C. e 1500-500 a.C. Muitos estudiosos admitiram que essa cerâmica tenha sido influenciado pelos complexos culturais andinos, embora hoje já se admita que os indígenas da Amazônia tenham desenvolvido essa cerâmica elaborada na própria região baixa, tendo provavelmente influenciado os Andes posteriormente.

Essas sociedades praticavam, além da horticultura, caça e pesca. O consumo de mariscos foi reduzido, e esses povos passaram a se instalar nas várzeas e margens dos rios. Assadeiras de cerâmica grossa foram identificadas nesses territórios, de forma que alguns arqueólogos aventam a hipótese da presença da mandioca. Sítios desses complexos culturais foram encontrados na bacia do Ucayali, na ilha de Marajós, no Orenoco e no Amazonas.

“ Pré-História” Tardia e Cacicados Complexos da Amazônia (1000 a.C. – 1500 d.C.)
exemplar de cerâmica produzida pelas sociedades complexas do Pará em Santarém. Este vaso Tapajó é denominado “Vaso de Cariátides”.Parece que o aumento demográfico das populações amazônicas na época da Pré-História tardia, combinado a outros fatores, suscitou grandes transformações entre as sociedades indígenas da Amazônia. Entre o ano 1000 a.C. e o ano 1000 d.C. as sociedades que habitavam regiões da bacia amazônica passaram a se organizar de forma cada vez mais elaborada. Os arqueólogos definem estas sociedades como “cacicados complexos”. Elas eram marcadamente hierarquizadas (provavelmente contendo nobres, plebeus e servos cativos), tinham um chefe poderosos na figura do cacique, e adotavam posturas belicosas e expansionistas. O cacique dominava amplos territórios, e tinha como objetivo aumentar seus domínios por meio da guerra. A cerâmica era altamente desenvolvida, havia urnas funerárias (associadas ao culto dos chefes mortos), comércio e os indícios arqueológicos apontam uma densidade demográfica de escala urbana nessas civilizações. Acredita-se que a monocultura era praticada, além da caça e da pesca intensivas, a produção intensiva de raízes e o armazenamento de alimentos.

Crônicas do início do período colonial são hoje empregadas na reconstrução das antigas civilizações brasileiras. Muitos cronistas estrangeiros descreveram elementos indígenas do período dos cacicados complexos. A dissolução dessas organizações sociais normalmente é relacionada à conquista, que teria abalado sua estrutura demográfica.

A cerâmica produzida por estas civilizações é classificada em dois grupos principais: o Horizonte Policrômico e o Horizonte Inciso Ponteado. Entre os sítios arqueológicos que apresentaram vestígios agrupados sob o Horizonte Policrômico estão: os Marajoaras (foz do Amazonas) e o Guarita (Médio Amazonas), entre outros localizados fora da Amazônia brasileira. Entre os sítios arqueológicos associados ao Horizonte Inciso Ponteado encontram-se: Santarém (Baixo Amazonas) e Itacoatiara (Médio Amazonas). O primeiro horizonte é caracterizado pelas pinturas brancas, pretas e vermelhas, pelos temas geométricos e pelas incisões. O segundo horizonte é caracterizado pelas incisões profundas e pela técnica de ponteação. Acredita-se que o Horizonte Inciso Ponteado estivesse associado aos antepassados dos povos de língua Karib, enquanto o Horizonte Policrômico teria sido produzido pelos antepassados dos povos de língua Tupi.

Os grandes sítios amazônicos da época dos cacicados complexos parecem ter tido regiões especializadas para o enterro, o culto, o trabalho e a guerra. A ocupação pré-histórica tardia do território era sedentarizada. A entrada do milho e de outras sementes na região, assim como sua popularização entre os americanos, data do primeiro milênio antes de Cristo.

Amazônia pré-colonial

Artigo originalmente postado em
http://www.cientifica.50megs.com/arqueologiahtm/amazonia1.htm

AMAZÔNIA PRÉ-COLONIAL
Baseado no artigo da scientifc american, "vestígios da Amazônia pré-colonial" de Eduardo Góes Neves

CIVILIZAÇÕES AMAZÔNICAS

Na época do descobrimento do Brasil foram feitas expedições de exploração pelo rio Amazonas .

Os relatos destas expedições contam que as margens do rio Amazonas e muitos de seus afluentes eram habitados por populações densas que viviam em grandes aldeias com até alguns milhares de pessoas. Estas sociedades estavam integradas regionalmente por extensas redes de comércio e tinham um padrão de organização política hierarquizado.

Porém não é unânime no meio arqueológico que estes relatos sejam de todo confiáveis, alguns cientistas acreditam que o relato dos cronistas da época seriam exagerados para com as falsas informações conseguirem recursos na europa para realizarem novas expedições. Um exemplo típico deste tipo de manipulação de informação seria a lenda das mulheres guerreiras contra as quais Francisco de Orellana, que chefiava uma expedição no interior do rio amazonas no ano de 1542, teria lutado, a lenda das amazonas teria dado nome ao rio.O cronista da expedição de Orellana era um frei chamado Gaspar de Carvajal, ele contou esta provável lorota mas também deixou registros interessantes do que realmente encontraram nesta região e nesta época recuada.

Outros arqueólogos aceitam os relatos dos cronistas sobre a densidade populacional e modo de vida destes povos como sendo um retrato fiel do modo de vida local. Para estes cientistas a Amazônia era densamente ocupada nessa época, sendo que o processo de colonização européia teria levado em algumas décadas a um drástico declínio demográfico, resultante da propagação de doenças, escravidão e conflitos bélicos.


TRADIÇÃO POLICROMA DA AMAZÔNIA

O frei Carvajal relata, nesta expedição de 1542, que os exploradores chegaram com fome a uma aldeia numa barranca do rio, e como a aldeia fosse pequena, eles a saquearam. Nessa aldeia o frei descreve que havia muita louça de diversos tamanhos e formatos, alugns vasos enormes e vasilhas pequenas, pratos e tigelas, e ele descreveu-as como de uma qualidade excepcional, como as melhores do mundo, afirmou que ela é toda alisada e esmaltada e de cores vivas que surpreendem. Ficou conhecida como "a aldeia de louça", e deveria estar localizada às margens do rio Solimões, entre a atual cidade de Coari e a foz do rio Negro.

Este tipo de louça descrito na expedição é chamada de tradição policroma da Amazônia, e são encontradas em um extensa área que vai, com interrupções, desde a ilha de Marajó até o sopé dos Andes, na Colômbia, Peru e Equador.

Cerâmicas policrômicas são de impressionante beleza, grande diversidade de formas e padrões decorativos, que variam de acordo com a região.

Existem muitas coleções em museus nacionais e estrangeiros, porém pouco se sabe das sociedades que as fabricavam.


OCUPAÇÃO DA BACIA AMAZÔNICA


A tese de que as margens do Amazonas era densamente povoado tem como principal sustentação o fato de que esta área e suas adjacências estão repeltas de sítios arqueológicos, e alguns ainda de grande porte.

O levantamento arqueológico feito no sítio Dona Stella, onde foram encontrados artefatos de pedra lascada e uma ponta de flecha enterrados em depósitos arenosos a mais de 1 metro de profundidade, indica que a região é ocupada há cerca de 8.000 anos, é um dado compatível com levantamentos de outras regiões amazônicas que situam o início da ocupação humana há 11.000 anos.

Houve uma rápida colonização de vários ambientes, nas planícies aluviais, em terra firme, distante dos rios como na serra dos Carajás. Os primeiros habitantes tinham um modo de vida organizado em economia diversificada, baseada na caça, pesca e coleta.

Após as ocupações iniciais há 8.000 anos, surge uma vazio cronológico, com duração de alguns milhares de anos, interrompido então há 2.500 anos atrás, pelo súbito aparecimento de ocupações associadas a grupos que produziam cerâmica.

O porque deste vazio na ocupação da área não é bem claro, 2 motivos se apresentam, ou não são encontrados indícios de ocupação porque estariam submersos por mudanças nos níveis dos rios durante o holoceno, ou realmente ocorreu uma interrupção duradoura na ocupação humana nestas áreas.

A fabricação de cerâmica na arqueologia amazônica é das mais antigas que se tem notícia nas Américas, com início há 5.500 anos e até 7.000 nos sambaquis litorâneos e fluviais do Pará, nas regiões do estuário e baixo Amazonas.

Inclusive nessa área não se notam interrupções na sequência cronológicas tão marcantes como as da Amazônia central.

Mas realmente é a partir de 2.500 anos atrás que mudanças nos padrões de organização social, econômica e política tornam-se notáveis no registro arqueológico da Amazônia central. Nesta época também que manifestações duradouras e visíveis de modificações paisagísticas começaram a se formar.

O aspecto mais visível dessas mudanças é o aumento no tamanho, densidade e duração de ocupação nos sítios arqueológicos. Evidências de aldeias maiores, ocupadas por períodos mais longos, acreditam alguns cientistas, outros no entanto a ocorrência de grandes sítios seria tão somente devido a eventos de reocupação sucessiva dos mesmos locais por diferentes populações.

Os que acreditam na hipótese de reocupações sucessivas seguem a premissa de que há, e houve, na Amazônia limites ambientais para o crescimento demográfico como baixa fertilidade do solo, pouca disponibilidade de proteína animal, imprevisibilidade nos regimes de cheia dos rios e ocorrência de fenômenos extremos de mudança climática no passado.

Já os que acreditam na hipótese da ocupação de longa duração, seguem a premissa oposta, de que não houve na Amazônia pré-colonial limites ambientais ao crescimento demográfico e que, onde isto possa ter ocorrido, atividades de manejo contribuíram para aumentar a capacidade de suporte do meio ambiente.


SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

Os sítios arqueológicos são encontrados em 2 tipos de solos: os solos de TERRA ESCURA e os solos de TERRA CLARA.

O solo típico da área é amarelado, pouco fértil e ácido. As áreas de solo escuro são pontuais, inseridos em locais arenosos ou argilosos e estão quase que sempre associados a sítios arqueológicos, quer dizer que existem alguns sítios em locais de terra clara, mas sempre existem sítios em locais de terra escura.

As terras pretas são surpreendentemente estáveis, férteis por séculos, isto não é típico da Amazônia que apresenta solo com baixa capacidade de retenção de nutrientes. É provável que a estabilidade nas terras escuras seja divido a associação entre fatores naturais e fatores culturais, ou seja, uma associação entre um solo naturalmente bom e restos deixados por colonização humana como, fragmentos de cerâmica, carvão de fogueiras, ossos de animais caçados. O bom solo seria naturalmente escolhido para ser habitado pelas suas qualidades intrínsecas e ainda se fortaleceria ao longo do tempo com restos orgânicos deixados pelos próprios habitantes.

Além dos fatores de fertilização pela presença humana, como enriquecimento por carbono, fosfato, cálcio e outros, ele ainda se torna menos sujeito a erosão por percolação e velocidade de evaporação da água devido a presença intensa de cacos de cerâmica na sua constituição.

As manchas de terra escura podem variar de poucos metros quadrados até centenas de hectares e sua profundidade pode variasr de 30cm até 2 metros.

As terras pretas parecem surgir em toda a amazônia a partir de 2.000 anos atrás, a única exceção é Rondônia onde foram encontrados locais de terra escura com até 4.000 anos.

A formação dos terrenos de terra preta é resultado de ocupação humana em assentamentos sedentários por longos períodos de tempo, com deposição constante de refugos orgânicos, restos de comida, carvão etc.

O processo de formação de terra preta não foi uniforme, variando de acordo com a intensidade da ocupação, o grau de sedentarismo e a densidade demográfica dos assentamentos.

Na Amazônia central, encontram-se sítios de terra preta surgidos a 1.600 anos, mas em áreas em que a ocupação humana ocorreu muito antes Na verdade áreas de campinarama apresentam sítios pré cerâmicos associados a artefatos de pedra bifaciais datados de 8.000 anos. Mas há cerca de 2.300 é que surgem ocupações associadas a grupos que produziam cerâmicas em estilo semelhante ao do baixo Amazonas, mas estas ocupações são menores e menos densas quando comparadas como os locais com terra preta.

Os locais com terra preta denotam uma mudança no processo de ocupação da região.

O modo de vida deve ter mudado por causa da adoção de uma economia mais dependente da agricultura.

O início do processo de domesticação de plantas na América do Sul ocorreu há 10.000 anos, mas só muito mais tarde a agricultura tornou-se uma atividade produtiva.

Os sítios de terra preta tem caracterísitcas bem peculiares. Solo bem fértil, abundância de fragmentos cerâmicos na superfície e tipos de vegetação de capoeira, diferentes das matas altas de terra firme.

Pode-se constatar em alguns dos sítios escavados na Amazônia Central, que eles foram abandonados bem antes do período colonial de 500 a 1000 d.C., porém a região continuou sendo habitada até 1500.Ou seja enquanto num passado distante as áreas foram aldeias exclusivamente, em um momento da história subsequente estas mesmas terras pretas viraram locais de plantio inclusivemente.

É evidente que os povos da região percebiam claramente a presença destas áreas de terra preta e ao que tudo indica continuaram usando-as, desta vez como áreas favoráveis a agricultura, o que denota manejo ambiental.

Constata-se que não houve um crescimento de vegetação de grande porte nesta áreas, então a área de confluência do Rio Solimões e rio Negro compunha um imenso mosaico, com significativa interferência antrópica.

O cenário visível do passado da região é de aldeias de tamanhos variáveis, roças em diferentes estágios de cultivo, cemitérios, áreas de terra preta cobertas por capoeira, trilhas conectando esses locais.

O artigo também sugere que : matas altas de ocupação pré-colonial da região ainda são muito pouco conhecidas, como os estados do ACRE , RORAIMA e RONDÔNIA.

A região de Roraima era provavelmente um elo de ligação entre as sociedades assentadas ao longo da calha do Amazonas e Negro e as sociedades do litoral das Guianas.

Já as populações assentadas no Acre e Rondônia mantinham algum tipo de contato indireto com as sociedades andinas

É muito evidente a presença das áreas de terra preta, note a cor escura da terra, e a presença maciça de cacos de cerâmica espalhados no chão

Amazônia: descobrimento e conquista

O artigo a seguir, de Dorinethe dos Santos Bentes, foi extraído de
http://www.povosdamazonia.am.gov.br/htm/htm/historia.htm

As imagens que ilustram o trabalho foram todas retiradas da internet.

O presente trabalho é composto por dois capítulos. O primeiro apresenta a Amazônia através dos olhares dos primeiros cronistas que por ela passaram, registrando tudo o que viram ou imaginaram ter visto. Como a região amazônica era diferente de tudo que já tinham conhecido até então, eles usaram seus próprios padrões de valores para descreverem o que estavam vivenciando.

O segundo capítulo também tem como orientação as crônicas feitas pelas expedições portuguesas do início do século XVII. Esse foi o momento em que os portugueses iniciaram suas investidas para além do que havia sido determinado pelo Tratado de Tordesilhas, bem como as estratégias, elaboradas pela coroa portuguesa, para ampliar e garantir os novos territórios conquistados.

CAPÍTULO I
Primeiras imagens sobre a Amazônia

No período pré-colombiano não foi apenas a sociedade Inca que floresceu na região que hoje denominamos Amazônia Internacional ou Pan-Amazônia. Os relatos resultantes das expedições européias, realizadas nos séculos XVI e XVII, referem-se a grandes áreas povoadas, principalmente nas regiões de várzea da calha do rio Amazonas.

A primeira expedição européia a navegar todo o rio Amazonas foi comandada por Francisco de Orellana, em 1542, e seu cronista foi o frei Gaspar de Carvajal; que registrou em suas crônicas a existência de enormes áreas povoadas às margens do grande rio. Segundo os seus registros, as regiões habitadas eram incrivelmente extensas.

Perseguindo esse objetivo, iniciaremos nossa viagem pela Amazônia pré-colonial e colonial (já que utilizaremos relatos do século XVI, que dão conta dos primeiros contatos entre nativos e europeus e relatos do século XVII, quando os contatos se dão a partir de uma anunciação prévia do que um representa para o outro), utilizando os relatos das expedições espanholas e portuguesas que percorreram essa região.

A primeira expedição a ser analisada é a de Alonso Mercadillo -1538

A expedição saiu do Distrito de Huánuco, no Peru, com 185 homens a pé e a cavalo; entre seus membros encontravam-se ferreiros e carpinteiros, para construir barcos adequados às necessidades da viagem. Desse Distrito, a expedição seguiu o curso do rio Huallaga, tendo continuado pelo rio Marañón, até então inexplorado. No baixo curso do rio Huallaga, a expedição encontrou a região de Maina, estendendo-se ao norte e incluindo todo o leque de formadores do Amazonas, compreendido entre o rio Javari e o rio Putumaio-lçá. A essa altura da expedição Mercadillo enviou alguns espanhóis com guias locais para observar a região; os relatos não deixam claro qual o trajeto percorrido por esses espanhóis nem os resultados de suas observações.

As dificuldades e as perdas ocorridas na expedição de Alonso de Mercadillo não desmotivaram os espanhóis a continuarem a busca das riquezas a leste dos Andes; no entanto, fizeram com que o governo espanhol fosse mais cauteloso na elaboração de uma nova investida. Isso contribuiu para o atraso espanhol no avanço da conquista rumo à Amazônia brasileira. Somente quatro anos depois foi autorizada uma nova expedição. Eram fortes as motivações para a organização de uma nova investida ao interior da Amazônia: os espanhóis alimentavam o imaginário dos colonos, principalmente da região peruana, com informações sobre as lendárias riquezas do El Dorado, onde havia ouro e prata em abundância, e do País da Canela, com grande quantidade de especiarias que eram muito apreciadas na Europa.

Expedição de Gonzalo Pizarro -1541

A organização da expedição começou em 1540 e tinha como objetivos principiais encontrar o El Dorado e o País da Canela. Enquanto explorava a bacia do alto Napo, Pizarro encontrou a região considerada "o País da Canela"; no entanto, sua comercialização não era economicamente viável, devido à dispersão das árvores pela floresta, que não estavam arrumadas umas após as outras como esperavam os europeus. Sobre esse momento da expedição, Carvajal descreveu da seguinte maneira: "D'aí seguiu Pizarro a pé em busca da canela, tendo-a encontrado ao cabo de setenta dias de marcha, mas tão escassa e em grupos tão dispersos que resultou em verdadeiro malogro da expedição".

A outra parte da expedição liderada por Orellana continuou e, de acordo com as informações do frei Gaspar de Carvajal, o cronista da viagem, a correnteza do rio que eles haviam descido era tão forte que impossibilitou o caminho de volta, de tal forma que Orellana e seus companheiros não tiveram alternativa senão a de seguir em frente, navegando em busca de alimentos.

A expedição de Francisco de Orellana navegou pelo rio Amazonas no sentido oeste para leste, ou seja, Orellana começou sua expedição em regiões peruanas e navegou até chegar ao Oceano Atlântico.

Nas crônicas, as informações sobre as sociedades nativas da Amazônia ultrapassam os limites da organização política e econômica e estendem-se a outros elementos dos aspectos culturais; há, por exemplo, dados sobre a importância cultural da guerra. Para muitas nações nativas, as guerras tinham uma importância fundamental; elas davam sentido à vida em sociedade. As guerras não aconteciam apenas por questões políticas ou econômicas, bem como pela reprodução de valores sociais; elas faziam parte da preparação de um guerreiro, pois não havendo guerra não havia como formar guerreiros ou como testar sua bravura, e a bravura do guerreiro faz parte do conjunto de valores que compõem a auto-estima da sociedade; por isso a guerra era muito importante. Assim, a preparação dos nativos para a guerra foi fortemente sentida pelos tripulantes da expedição de Orellana ao chegarem à província de Machiparo.

Expedição de Pedro de Ursúa e Lope de Aguirre - 1560-1561

As histórias dos índios tupi que chegaram ao Peru, mais as notícias de que Orellana havia chegado ao Atlântico, navegando pelo rio das Amazonas, estimularam a nova expedição, que saiu do Peru, em setembro de 1560, sob o comando do governador Pedro de Ursúa, seguindo o rio Huallaga com 370 soldados, dois bergantins, sete chatas, vinte balsas e um grande número de canoas. Subiram o rio Marañón, chegando até o rio Napo, no atual território do Peru. Da foz do Napo, desceram até o baixo Javari, no atual território do Brasil, onde encontraram a "Província de Aparia" descrita por Carvajal e chamaram-na de Carari e Maracuri. Nessas duas regiões foram vistas grandes riquezas. Subindo o rio Javari até o Solimões, chegaram ao alto do rio Içá, onde encontraram uma tribo que não havia sido descrita por Carvajal e a denominaram de "Província de Arimocoa". No decorrer da viagem chegaram à província de Machifaro, onde não encontraram sinais de riqueza. Nesse ponto dessa nova aventura hispânica começaram a surgir descontentamentos que geraram conflitos entre os tripulantes e Pedro de Ursúa, chefe da expedição.



O comando da expedição, marcado pelo desentendimento, ficou sob o controle dos três tripulantes que arquitetaram a rebelião, Fernando de Guzmán, Lope de Aguirre e Lorenzo Salduendo. As discussões entre as lideranças no comando eram, principalmente, sobre os novos rumos que a expedição deveria tomar. Esses desencontros permitiram que Aguirre se sobressaísse. Na intenção de concretizar seu objetivo de assumir de vez o comando da expedição, Aguirre proclamou Fernando Gusmán príncipe da Terra Firme e Peru e Governador do Chile.

A partir desses acontecimentos a expedição assumiu novos ares, deixou de ter como objetivos principais encontrar as províncias das esmeraldas, o País de Rupa-Rupa, o El Dorado e o Lago de Paititi, que se apresentavam apenas como uma possibilidade imaginária de riqueza, e partiu para conquistar aqueles que pareciam mais reais, ali mesmo no Peru. A expedição de Pedro de Ursúa e Lope de Aguirre foi marcada pela tragédia e os relatos feitos refletem essa situação.



CAPÍTULO II
União Ibérica ou Domínio Espanhol - 1580-1640



Após a expedição de Pedro de Ursúa, há um intervalo de 75 anos, sem que se tenham notícias significativas do avanço europeu em território amazônico. No entanto, no ano de 1580, a crise dinástica no reino de Portugal teve consequências diretas sobre o futuro da colonização européia na Amazônia, com a união das coroas de Espanha e Portugal, o que se convencionou chamar de União Ibérica ou domínio espanhol.

Durante o tempo de duração da União Ibérica, de 1580 a 1640, - nada menos que 60 anos -, o acordo de Tordesilhas pôde ser negligenciado e, diante dessa situação, os portugueses não perderam tempo e começaram a fazer expedições, a partir do seu território (o Brasil) para além da linha imaginária de Tordesilhas e saíram, aos poucos, ocupando territórios cada vez mais para o interior da Amazônia.

Com a justificativa de proteger o território de possíveis invasões por outros povos europeus e expulsar os que se encontravam hospedados na região como os holandeses, ingleses e franceses, os lusitanos foram se aproximando do extremo norte do Brasil.

Expedição de Francisco Caldeira de Castelo Branco, a foz do rio Amazonas - 1616

Os primeiros avanços efetivos praticados pelas coroas ibéricas rumo ao interior amazônico iniciaram-se com as expedições organizadas para expulsar os franceses. Em 1615, a expedição comandada pelo capitão-mor Alexandre de Moura, travou batalhas decisivas que resultaram na expulsão dos franceses da região. O capitão-mor nomeou Francisco Caldeira de Castelo Branco para chefiar uma expedição rumo à foz do rio Amazonas tornando-se, essa expedição, o ponto de partida para a efetiva ocupação da região pelos lusitanos.

Construído às margens da baía de Guajará, o Forte do Presépio passou a ser o ponto mais extremo do limite demarcado pelo Tratado de Tordesilhas (1494), indicando o ponto mais avançado dos domínios portugueses. Ponto estratégico para posteriores entradas no interior do rio amazônico, considerando que sua foz era controlada.



Fortes construídos para garantir a posse da região amazônica para Portugal

À medida que as invasões portuguesas iam avançando sobre os territórios dos povos nativos, era montada toda uma estrutura de suporte militar. Os portugueses perceberam que o rio Amazonas era importante demais para ser ignorado. Logo no começo do século XVII, eles deram início à construção de diversas instalações militares muito bem fortificadas para a época, na intenção de proteger a foz do rio Amazonas.

São exemplos de construção dessa natureza o Forte do Presépio e o Forte de Gurupá, ambos construídos próximos à desembocadura do rio Amazonas, em sua margem direita. O Forte do Presépio (1616) é uma das mais antigas construções portuguesas do século XVII e foi a partir dele que, posteriormente, originou-se a cidade de Belém do Pará.

O papel dos missionários no processo de conquista da região amazônica



As primeiras vítimas da invasão portuguesa na Amazônia foram as sociedades nativas que ocupavam as regiões às margens do rio Amazonas. À medida que os fortes eram construídos, aquelas sociedades iam sendo consumidas por guerras e pelo trabalho escravo. Os poucos que restavam eram absorvidos pelas missões que localizavam-se, preferencialmente, às margens do rio Amazonas; outros, no entanto, para escaparem à dizimação, fugiam para o centro da selva. Os que eram absorvidos pelas missões iam trabalhar na construção de roças e outras atividades que tivessem por finalidade a criação de infra-estrutura dos aldeamentos.


Os aldeamentos eram os locais utilizados pelos missionários para a catequização das sociedades nativas, onde elas deveriam esquecer suas identidades e assumir a identidade que o colonizador lhes obrigava a externar.



Expedição de Pedro Teixeira - 1637-1639

No contexto de disputas territoriais, em 1637, três anos antes do fim da União Ibérica, os portugueses iniciaram, com a justificativa de defenderem a área da Amazônia das invasões de outras nações da Europa, a partir da Capitania do Grão-Pará, sob o comando do governador do Estado do Maranhão, Jácome Raimundo de Noronha (1636-1638), uma expedição para subir o rio Amazonas e o rio Napo, até chegar a Quito, no Equador. Essa expedição tinha a tarefa de tomar posse, em nome da coroa portuguesa, de todas as terras por onde passasse, pois os portugueses sabiam de possíveis expedições espanholas para a conquista da dita área. Esta foi a famosa expedição de Pedro Teixeira, a primeira a percorrer todo o rio Amazonas, no sentido leste para oeste, ou seja, subindo e descendo o rio.