Reflexão

A FÉ NÃO CONSISTE NA IGNORÂNCIA, MAS NO CONHECIMENTO.
João Calvino

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Amazônia: descobrimento e conquista

O artigo a seguir, de Dorinethe dos Santos Bentes, foi extraído de
http://www.povosdamazonia.am.gov.br/htm/htm/historia.htm

As imagens que ilustram o trabalho foram todas retiradas da internet.

O presente trabalho é composto por dois capítulos. O primeiro apresenta a Amazônia através dos olhares dos primeiros cronistas que por ela passaram, registrando tudo o que viram ou imaginaram ter visto. Como a região amazônica era diferente de tudo que já tinham conhecido até então, eles usaram seus próprios padrões de valores para descreverem o que estavam vivenciando.

O segundo capítulo também tem como orientação as crônicas feitas pelas expedições portuguesas do início do século XVII. Esse foi o momento em que os portugueses iniciaram suas investidas para além do que havia sido determinado pelo Tratado de Tordesilhas, bem como as estratégias, elaboradas pela coroa portuguesa, para ampliar e garantir os novos territórios conquistados.

CAPÍTULO I
Primeiras imagens sobre a Amazônia

No período pré-colombiano não foi apenas a sociedade Inca que floresceu na região que hoje denominamos Amazônia Internacional ou Pan-Amazônia. Os relatos resultantes das expedições européias, realizadas nos séculos XVI e XVII, referem-se a grandes áreas povoadas, principalmente nas regiões de várzea da calha do rio Amazonas.

A primeira expedição européia a navegar todo o rio Amazonas foi comandada por Francisco de Orellana, em 1542, e seu cronista foi o frei Gaspar de Carvajal; que registrou em suas crônicas a existência de enormes áreas povoadas às margens do grande rio. Segundo os seus registros, as regiões habitadas eram incrivelmente extensas.

Perseguindo esse objetivo, iniciaremos nossa viagem pela Amazônia pré-colonial e colonial (já que utilizaremos relatos do século XVI, que dão conta dos primeiros contatos entre nativos e europeus e relatos do século XVII, quando os contatos se dão a partir de uma anunciação prévia do que um representa para o outro), utilizando os relatos das expedições espanholas e portuguesas que percorreram essa região.

A primeira expedição a ser analisada é a de Alonso Mercadillo -1538

A expedição saiu do Distrito de Huánuco, no Peru, com 185 homens a pé e a cavalo; entre seus membros encontravam-se ferreiros e carpinteiros, para construir barcos adequados às necessidades da viagem. Desse Distrito, a expedição seguiu o curso do rio Huallaga, tendo continuado pelo rio Marañón, até então inexplorado. No baixo curso do rio Huallaga, a expedição encontrou a região de Maina, estendendo-se ao norte e incluindo todo o leque de formadores do Amazonas, compreendido entre o rio Javari e o rio Putumaio-lçá. A essa altura da expedição Mercadillo enviou alguns espanhóis com guias locais para observar a região; os relatos não deixam claro qual o trajeto percorrido por esses espanhóis nem os resultados de suas observações.

As dificuldades e as perdas ocorridas na expedição de Alonso de Mercadillo não desmotivaram os espanhóis a continuarem a busca das riquezas a leste dos Andes; no entanto, fizeram com que o governo espanhol fosse mais cauteloso na elaboração de uma nova investida. Isso contribuiu para o atraso espanhol no avanço da conquista rumo à Amazônia brasileira. Somente quatro anos depois foi autorizada uma nova expedição. Eram fortes as motivações para a organização de uma nova investida ao interior da Amazônia: os espanhóis alimentavam o imaginário dos colonos, principalmente da região peruana, com informações sobre as lendárias riquezas do El Dorado, onde havia ouro e prata em abundância, e do País da Canela, com grande quantidade de especiarias que eram muito apreciadas na Europa.

Expedição de Gonzalo Pizarro -1541

A organização da expedição começou em 1540 e tinha como objetivos principiais encontrar o El Dorado e o País da Canela. Enquanto explorava a bacia do alto Napo, Pizarro encontrou a região considerada "o País da Canela"; no entanto, sua comercialização não era economicamente viável, devido à dispersão das árvores pela floresta, que não estavam arrumadas umas após as outras como esperavam os europeus. Sobre esse momento da expedição, Carvajal descreveu da seguinte maneira: "D'aí seguiu Pizarro a pé em busca da canela, tendo-a encontrado ao cabo de setenta dias de marcha, mas tão escassa e em grupos tão dispersos que resultou em verdadeiro malogro da expedição".

A outra parte da expedição liderada por Orellana continuou e, de acordo com as informações do frei Gaspar de Carvajal, o cronista da viagem, a correnteza do rio que eles haviam descido era tão forte que impossibilitou o caminho de volta, de tal forma que Orellana e seus companheiros não tiveram alternativa senão a de seguir em frente, navegando em busca de alimentos.

A expedição de Francisco de Orellana navegou pelo rio Amazonas no sentido oeste para leste, ou seja, Orellana começou sua expedição em regiões peruanas e navegou até chegar ao Oceano Atlântico.

Nas crônicas, as informações sobre as sociedades nativas da Amazônia ultrapassam os limites da organização política e econômica e estendem-se a outros elementos dos aspectos culturais; há, por exemplo, dados sobre a importância cultural da guerra. Para muitas nações nativas, as guerras tinham uma importância fundamental; elas davam sentido à vida em sociedade. As guerras não aconteciam apenas por questões políticas ou econômicas, bem como pela reprodução de valores sociais; elas faziam parte da preparação de um guerreiro, pois não havendo guerra não havia como formar guerreiros ou como testar sua bravura, e a bravura do guerreiro faz parte do conjunto de valores que compõem a auto-estima da sociedade; por isso a guerra era muito importante. Assim, a preparação dos nativos para a guerra foi fortemente sentida pelos tripulantes da expedição de Orellana ao chegarem à província de Machiparo.

Expedição de Pedro de Ursúa e Lope de Aguirre - 1560-1561

As histórias dos índios tupi que chegaram ao Peru, mais as notícias de que Orellana havia chegado ao Atlântico, navegando pelo rio das Amazonas, estimularam a nova expedição, que saiu do Peru, em setembro de 1560, sob o comando do governador Pedro de Ursúa, seguindo o rio Huallaga com 370 soldados, dois bergantins, sete chatas, vinte balsas e um grande número de canoas. Subiram o rio Marañón, chegando até o rio Napo, no atual território do Peru. Da foz do Napo, desceram até o baixo Javari, no atual território do Brasil, onde encontraram a "Província de Aparia" descrita por Carvajal e chamaram-na de Carari e Maracuri. Nessas duas regiões foram vistas grandes riquezas. Subindo o rio Javari até o Solimões, chegaram ao alto do rio Içá, onde encontraram uma tribo que não havia sido descrita por Carvajal e a denominaram de "Província de Arimocoa". No decorrer da viagem chegaram à província de Machifaro, onde não encontraram sinais de riqueza. Nesse ponto dessa nova aventura hispânica começaram a surgir descontentamentos que geraram conflitos entre os tripulantes e Pedro de Ursúa, chefe da expedição.



O comando da expedição, marcado pelo desentendimento, ficou sob o controle dos três tripulantes que arquitetaram a rebelião, Fernando de Guzmán, Lope de Aguirre e Lorenzo Salduendo. As discussões entre as lideranças no comando eram, principalmente, sobre os novos rumos que a expedição deveria tomar. Esses desencontros permitiram que Aguirre se sobressaísse. Na intenção de concretizar seu objetivo de assumir de vez o comando da expedição, Aguirre proclamou Fernando Gusmán príncipe da Terra Firme e Peru e Governador do Chile.

A partir desses acontecimentos a expedição assumiu novos ares, deixou de ter como objetivos principais encontrar as províncias das esmeraldas, o País de Rupa-Rupa, o El Dorado e o Lago de Paititi, que se apresentavam apenas como uma possibilidade imaginária de riqueza, e partiu para conquistar aqueles que pareciam mais reais, ali mesmo no Peru. A expedição de Pedro de Ursúa e Lope de Aguirre foi marcada pela tragédia e os relatos feitos refletem essa situação.



CAPÍTULO II
União Ibérica ou Domínio Espanhol - 1580-1640



Após a expedição de Pedro de Ursúa, há um intervalo de 75 anos, sem que se tenham notícias significativas do avanço europeu em território amazônico. No entanto, no ano de 1580, a crise dinástica no reino de Portugal teve consequências diretas sobre o futuro da colonização européia na Amazônia, com a união das coroas de Espanha e Portugal, o que se convencionou chamar de União Ibérica ou domínio espanhol.

Durante o tempo de duração da União Ibérica, de 1580 a 1640, - nada menos que 60 anos -, o acordo de Tordesilhas pôde ser negligenciado e, diante dessa situação, os portugueses não perderam tempo e começaram a fazer expedições, a partir do seu território (o Brasil) para além da linha imaginária de Tordesilhas e saíram, aos poucos, ocupando territórios cada vez mais para o interior da Amazônia.

Com a justificativa de proteger o território de possíveis invasões por outros povos europeus e expulsar os que se encontravam hospedados na região como os holandeses, ingleses e franceses, os lusitanos foram se aproximando do extremo norte do Brasil.

Expedição de Francisco Caldeira de Castelo Branco, a foz do rio Amazonas - 1616

Os primeiros avanços efetivos praticados pelas coroas ibéricas rumo ao interior amazônico iniciaram-se com as expedições organizadas para expulsar os franceses. Em 1615, a expedição comandada pelo capitão-mor Alexandre de Moura, travou batalhas decisivas que resultaram na expulsão dos franceses da região. O capitão-mor nomeou Francisco Caldeira de Castelo Branco para chefiar uma expedição rumo à foz do rio Amazonas tornando-se, essa expedição, o ponto de partida para a efetiva ocupação da região pelos lusitanos.

Construído às margens da baía de Guajará, o Forte do Presépio passou a ser o ponto mais extremo do limite demarcado pelo Tratado de Tordesilhas (1494), indicando o ponto mais avançado dos domínios portugueses. Ponto estratégico para posteriores entradas no interior do rio amazônico, considerando que sua foz era controlada.



Fortes construídos para garantir a posse da região amazônica para Portugal

À medida que as invasões portuguesas iam avançando sobre os territórios dos povos nativos, era montada toda uma estrutura de suporte militar. Os portugueses perceberam que o rio Amazonas era importante demais para ser ignorado. Logo no começo do século XVII, eles deram início à construção de diversas instalações militares muito bem fortificadas para a época, na intenção de proteger a foz do rio Amazonas.

São exemplos de construção dessa natureza o Forte do Presépio e o Forte de Gurupá, ambos construídos próximos à desembocadura do rio Amazonas, em sua margem direita. O Forte do Presépio (1616) é uma das mais antigas construções portuguesas do século XVII e foi a partir dele que, posteriormente, originou-se a cidade de Belém do Pará.

O papel dos missionários no processo de conquista da região amazônica



As primeiras vítimas da invasão portuguesa na Amazônia foram as sociedades nativas que ocupavam as regiões às margens do rio Amazonas. À medida que os fortes eram construídos, aquelas sociedades iam sendo consumidas por guerras e pelo trabalho escravo. Os poucos que restavam eram absorvidos pelas missões que localizavam-se, preferencialmente, às margens do rio Amazonas; outros, no entanto, para escaparem à dizimação, fugiam para o centro da selva. Os que eram absorvidos pelas missões iam trabalhar na construção de roças e outras atividades que tivessem por finalidade a criação de infra-estrutura dos aldeamentos.


Os aldeamentos eram os locais utilizados pelos missionários para a catequização das sociedades nativas, onde elas deveriam esquecer suas identidades e assumir a identidade que o colonizador lhes obrigava a externar.



Expedição de Pedro Teixeira - 1637-1639

No contexto de disputas territoriais, em 1637, três anos antes do fim da União Ibérica, os portugueses iniciaram, com a justificativa de defenderem a área da Amazônia das invasões de outras nações da Europa, a partir da Capitania do Grão-Pará, sob o comando do governador do Estado do Maranhão, Jácome Raimundo de Noronha (1636-1638), uma expedição para subir o rio Amazonas e o rio Napo, até chegar a Quito, no Equador. Essa expedição tinha a tarefa de tomar posse, em nome da coroa portuguesa, de todas as terras por onde passasse, pois os portugueses sabiam de possíveis expedições espanholas para a conquista da dita área. Esta foi a famosa expedição de Pedro Teixeira, a primeira a percorrer todo o rio Amazonas, no sentido leste para oeste, ou seja, subindo e descendo o rio.

8 comentários:

  1. Gostei do conteúdo ;D me ajudou bastante!

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  2. O senhor pode informar aqui em seu blog, quais são os principais governantes que o Amazonas já teve (os que costumam constar nos vestibulares) e, se possível, informar também seus feitos, por favor?

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  3. eu queria saber mais sobre as características, motivos, causas e resultados das expedições.Por Favor me ajude é para semana que vem!!

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  4. mt legal o conteudo gostei copiei tudo pro meu trabalho kkk

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  5. eu keria um resumu expandido

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